sexta-feira, 2 de março de 2007

TROVOADAS TROPICAIS



Com este tempo invernoso que temos tido ultimamente, lembrei-me dos tempos passados em África, desde a infância, em que presenciei vezes sem conta aquelas fortes chuvadas acompanhadas de fortes trovões que faziam estremecer tudo à sua volta. Só quem viveu por lá e assistiu a esses fenómenos da natureza pode avaliar o seu impacto na mente das pessoas e no meio ambiente.
Hoje tenho saudades desses tempos e das experiências vividas desde a mais tenra infância. Nos primeiros anos de idade, quando se aproximavam aquelas tempestades tropicais, tinha medo e procurava refugio no colo de minha mãe ou no de minhas primas mais velhas que viviam na casa dos meus pais. Mais tarde, à medida que os anos iam passando, fui perdendo o medo e, com o devido respeito, adorava uma forte chuvada em que caiam faíscas tão fortes que tudo fazia estremecer. Gostava de me meter numa cama fofinha, embrulhado nuns fortes e felpudos cobertores de Papa, que minha mãe tinha e que serviam para essas ocasiões, sem tocar em nada que fosse metal e ouvir todo aquele rebombar, que na maioria das vezes pouco tempo durava. Depois ouvir os pingos da chuva cair das caleiras do telhado. Quando já não se ouvia mais nada, vinha a correr cá para fora sentir aquele cheirinho a terra molhada, a atmosfera límpida e um sol radiante brilhando como nunca. Claro que não resistia a ir chapinhar nas poças de água, descalço, embora levasse uns ralhetes dos meus familiares a que se seguia um bom banho para limpar aquele barro que se agarrava ás pernas e á roupa.

Lembro-me só de uma vez em que tive medo da trovoada. Encontrava-me nessa altura na fazenda do meu amigo Eduardo. Depois do almoço, resolvi ir caçar sozinho, porque o Eduardo tinha que estar na loja atender uns fregueses e não me pode acompanhar. Nada parecia adivinhar que se aproximava uma chuvada e entusiasmado lá fui andando uns bons quilómetros, até me encontrar do lado de lá do Rio, onde esperava encontrar caça grossa. Creio que eram para ai três da tarde quando reparei que as nuvens iam engrossando com uma rapidez espantosa e começou a cair uma forte chuvada acompanhada de fortes trovões que caiam tão perto de mim que me assustavam porque levava a caçadeira, não havia árvores, estava numa anhara e as faíscas caiam aqui e acolá, a escassos metros de mim que me faziam cegar. Não sabia o que fazer, se esconder a caçadeira, ou continuar com ela e sujeito a receber uma descarga eléctrica atraída pelos canos da mesma. Esperava a todo o momento que um raio me atingisse, mas graças a Deus, nada me aconteceu.
Todo ensopado da cabeça aos pés lá fui seguindo para casa do meu amigo, que estava preocupado comigo e já tinha enviado uns empregados ao meu encontro, caso necessitasse de auxílio.
Claro que cheguei todo encharcado, sem caça nenhuma e devo confessar que foi a primeira vez que tive medo da mãe natureza. Jamais esquecerei este acontecimento

Um comentário:

jawaa disse...

A trovoada ali metia medo, podes crer!
A minha mãe também nos obrigava a usar sempre sapatos de borracha virgem nas solas e, quando havia grandes trovoadas, também nos metia nos célebres cobertores de papa, em que nos sentíamos completamente a salvo, é bem verdade.
Sinto-me comovida quando vais, também tu, buscar recordações ao nosso Kaienge...

 
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