sábado, 3 de março de 2007

O MEL



Haverá produto natural mais doce que o mel?
Conheço dois tipos de mel diferentes no seu aspecto, cor e composição, qual deles o melhor, não sei.

1º - O mel feito pelas abelhas que todo o mundo conhece, feito pela abelha comum, com o qual se elaboram deliciosas receitas culinárias, cura determinadas doenças e tem propriedades alimentícias e que contem um componente bactericida, embora não tenha sido possível até hoje conhece-lo. Todos os tipos de mel possuem esta característica, por muito diversas que sejam as flores de que procedam, crê-se que o tal elemento bactericida procede das glândulas das abelhas e não das flores. Contem muitos minerais, vitaminas, fermentos, oligoelementos e matérias nutritivas. O seu sabor é transmitido consoante as flores de que a abelha se serviu para o fazer.
Este tema vem a propósito, de quando era pequeno, como toda a gente, ter um certo receio de um enxame de abelhas e de não saber como esse precioso néctar era extraído daquele enorme cortiço, que se viam amiúde por terras de África.
Tudo começou numa daquelas estadias no Kaeinge e. como sempre o meu professor, o Sr. Eduardo.
Certa tarde, o Sr. Eduardo convidou-me para ir com ele tirar mel de um cortiço enorme que ficava não muito distante da casa. Connosco foram mais dois empregados, o Manuel e o Trumam, carregados de uns molhos de umas ervas que não sei dizer os nomes, uns fósforos e um pouco de petróleo para fazer fogo.
Chegados ao local do cortiço, do qual eu me mantive um pouco distante, o Sr. Eduardo, depois de ver para que lado soprava o vento, mandou colocar as ervas debaixo da árvore onde ele estava, atearam o fogo e dali a instantes elas começaram a fazer aquele barulho de meter medo e a sair do cortiço, minutos depois, atordoadas com o fumo, as abelhas saíram quase todas e amontoaram-se noutra árvore muito perto. Com uma escada de madeira, fizeram descer o cortiço, abriram-no e estava cheio de favos de mel, que delícia! Claro o Sr. Eduardo pegou num valente favo e deu-me para provar e comer, maravilhoso. Os restantes foram transportados numa enorme bacia de esmalte para casa onde a D.Hilda o guardou em frascos depois de escorridos. Foi assim que aprendi como fazer.

2º- Outro tipo de mel que conheci anos mais tarde, era um feito por uma espécie de moscas pequenas, conhecidas por diversos nomes, entre os quais de MIRUIS.
Eram moscas irritantes porque apareciam aos milhares, metiam-se pelos olhos, nariz, ouvidos, pela roupa e incomodavam muito quem estivesse parado perto do tronco de uma árvore onde elas tinham e fabricavam o seu mel, num buraco do seu tronco. Estas embora irritantes não faziam mal, ou seja, não picavam. O mel era uma delícia, de aspecto um quanto esverdeado era uma verdadeira maravilha.
Quando da minha estadia pelo Tchamutete, deparei-me muitas vezes com elas e não resistia de invadir o seu habitat e colher aquele mel de que os MUKANKALAS, se alimentavam e até faziam uma bebida com ele que era uma maravilha.
Os Mukankalas são um povo nómada, pigmeu e tinham fama de curar todo o tipo de doenças. Disso sou testemunha. Havia um grupo que tinha o seu aglomerado a uns quilómetros do nosso acampamento com os quais fiz amizade e gostava de ir dormir com eles, levava um saco cama, fazia uma lareira no terreiro e ai dormia observando as estrelas do céu, via as estrelas cadentes até embalar num sono profundo, que maravilha! Falavam entre si através de estalidos com a língua e ninguém os percebia. Ai de quem se metesse com eles, tinham umas setas envenenadas, com as quais caçavam, veneno mortal. Gostava de falar mais sobre este povo, mas como este assunto já vai longo, fica para outra ocasião.







3 comentários:

jawaa disse...

Mas que surpresa bonita!
Amei este teu post, foi o que mais me encantou nem sei dizer a razão principal, porque foram várias as razões. Primeiro a forma delicada e dedicada com que sempre referes o meu pai e o misturas nas tuas memórias e também porque falas de alguma coisa útil, ensinas a quem lê; por último o mel, a cor, a textura, tudo bonito.
Obrigada, do fundo do coração.

miruii disse...

Eu sou um alien, sou um tansmigrado, e foi esse poder que me trouxe aqui!
Ei amigo, me gusta te encontrar!
Dices belas cosas de mi!
Piquei... fui!

Conceição Paulino disse...

pois eu tmb pico, mas sem veneno. Sou um escorpião do bem. Da luz e da paz. E qnd me embraveço é a mim k pico. bjoca
Luz e paz

 
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